Desde a semana passada, o preço do petróleo tem registrado quedas consecutivas. Na segunda-feira, o petróleo tipo Brent caiu abaixo de US$ 80 por barril pela primeira vez desde fevereiro. Embora tenha apresentado uma leve alta de 0,52% às 11h desta quarta-feira (05), o Brent/agosto estava cotado a US$ 77,92 e o West Texas Intermediate (WTI)/julho a US$ 73,63, ambos abaixo de US$ 80 por barril.
Essa tendência de queda está relacionada a diversos fatores, incluindo o anúncio da Opep+ sobre a extensão dos cortes de produção e a expectativa da Agência Internacional de Energia (AIE) de uma redução na demanda global por petróleo.
Bruno Pascon, diretor e sócio do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), destaca que há outros motivos por trás da queda, como os conflitos geopolíticos, incluindo a possibilidade de um cessar-fogo entre o Hamas e Israel, e os recentes dados econômicos dos Estados Unidos, que indicam índices abaixo do esperado e um aumento nos estoques de petróleo.
Pascon observa que já havia uma expectativa de menor crescimento na demanda em comparação ao ano passado. Nos EUA, a postergação dos cortes de juros reduz a pressão de demanda, contribuindo para a queda dos preços do petróleo.
Demanda Brasileira por Petróleo Pode Diminuir com Economia Fraca
Pascon também afirma que a extensão dos cortes pela OPEP+ não teve impacto significativo nos preços do petróleo a curto prazo. Ele explica que o cenário de preços da commodity é projetado para agosto, conforme a curva futura do mercado.
“Se a economia norte-americana crescer apenas entre 1% e 1,5%, nossa previsão de preço médio do petróleo para o ano, de US$ 85,15, pode cair para entre US$ 83 e US$ 83,5, que é o preço atual. Essa é a principal variável no nosso modelo, sendo necessário acompanhar as questões geopolíticas que sempre podem ter algum efeito”, afirma Pascon.
No contexto brasileiro, o mercado ainda trabalha com expectativas de crescimento econômico para o ano, embora as projeções para a redução dos juros tenham diminuído. Dados econômicos, como o Produto Interno Bruto (PIB) e o relatório Focus, que prevê um aumento da Selic, são acompanhados de perto.
“Pode haver um impacto negativo para o Brasil, devido aos juros mais altos por mais tempo, dependendo do cenário macroeconômico”, afirma Pascon. “Se o mercado perceber que o Brasil crescerá menos, entre 2% e 2,5% este ano, pode haver uma redução na demanda”, conclui.
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