Investir em fundos imobiliários (FIIs) continua sendo uma opção atrativa, de acordo com analistas, apesar da recente queda registrada no IFIX desde seu recorde histórico, atingido em 12 de abril.
Embora o índice tenha registrado um leve aumento de 0,17% nesta sexta-feira (26), fechando em 3.366,74 pontos, ele acumula uma perda de 1,67% nas últimas duas semanas desde o pico histórico. No mês de abril, a queda acumulada é de 1,22%.
Para esses especialistas, a queda do IFIX é mais atribuída a questões externas relacionadas ao cenário macroeconômico global do que a temas diretamente ligados aos ativos ou ao mercado imobiliário:
- A decisão do Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, de manter as taxas de juros entre 5,25% e 5,5% ao ano, e a ata revelando dúvidas dos diretores sobre a segurança em reduzir as taxas no curto prazo;
- A ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom), que manteve a projeção de redução da Selic em meio ponto apenas para a próxima reunião, o que sugere uma desaceleração na queda dos juros básicos da economia brasileira a partir de junho;
- A abertura da curva de juros futuros dos títulos NTN-B, referência para o mercado imobiliário, que voltaram a subir, oferecendo spreads a partir de 6%.
“Em cenários de estresse causados por juros e inflação, é comum observarmos uma maior volatilidade em ativos de renda variável”, explica Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital. Segundo ele, os fundos mais alavancados tendem a sofrer mais com perdas nesse cenário.
FIIs em queda podem ser oportunidade
FIIs em queda podem representar boas oportunidades, porém, deve se reverter no médio e longo prazo, com a retomada das projeções feitas no início do ano para o desempenho positivo dos FIIs de tijolo. Como shoppings e galpões logísticos, devido à continuidade da queda de juros. Desde o início do ano, a valorização acumulada do IFIX permanece positiva, em 1,59%.
“Embora as projeções estejam sendo postergadas momentaneamente, acreditamos que sejam movimentos alheios às qualidades intrínsecas dos FIIs; ou seja, os portfólios continuam apresentando bom desempenho”, explica Pedro Dafico, analista de FIIs da Suno Research. Belintani, da Hike, concorda: “Não mudamos nossas projeções. Ainda esperamos a Selic em 9% no final deste ano”.
Apesar de algumas quedas não estarem diretamente relacionadas a fatores externos. Por exemplo, o BTLG11 caiu cerca de 5,5% nas últimas duas semanas após a liberação para negociação na B3 das cotas da 13ª emissão, o que aumentou a oferta do papel e pressionou o preço de mercado para perto do valor patrimonial.
Apesar desse recuo, a analista Carol Borges, da EQI Research, ainda considera o ativo uma opção interessante, destacando o potencial de valorização da cota.
Dicas aos Investidores de FIIs
Aproveitar as oportunidades e pensar a longo prazo, o momento é de aproveitar as oportunidades que a queda dos preços pode trazer. Todos concordam que o investimento em fundos imobiliários requer foco no médio e longo prazo, sem movimentos bruscos e vendas precipitadas.
“O investidor deve aproveitar momentos de oportunidade para aumentar a posição em FIIs que apresentem consistência nos dividendos, desalavancados e com rendimento anual superior ao CDI ou IPCA+8%”. Avalia Belintani, da Hike Capital.
“Alguns FIIs podem negociar a patamares interessantes que potencializam o retorno em dividendos, podendo promover ganhos de capital eventualmente. FIIs com portfólio de qualidade, como logística, shoppings e renda urbana, são oportunidades para o médio e longo prazo”, acrescenta Carol Borges, da EQI Research.
“Para quem está construindo seu patrimônio, é um bom momento para adquirir cotas de FIIs a preços mais atrativos. Quem já investe deve ter paciência e disciplina para continuar seguindo sua estratégia, sem decisões impulsivas. O foco deve ser no longo prazo”, conclui Pedro Dafico, da Suno Research.
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